Se você for meu cliente, espero que falhe logo
Texto por Ney Ricardo
É isso mesmo! Espero que você falhe o mais rápido possível, mas não é nada pessoal. Empreender é como um investimento de alto risco: grandes chances de fracasso.
Ao longo desses quase 2 anos trabalhando como Product Owner na Jera, vi vários produtos revolucionários e com grande potencial de ganho morrerem no momento em que foram parar no mercado.
É duro admitir, mas eu contribuí diretamente para alguns desses fracassos, já que atuo aconselhando o clientae. Apesar de toda minha experiência com startups, não é possível oferecer garantias de que lá no final o produto vai dar certo.
Entretanto, existem algumas sacadas que podem ajudar a economizar o seu tempo e dinheiro.
Descoberta
Por incrível que pareça, muita gente ainda nos procura sem conhecer muito bem o próprio produto. E não falo sobre saber como você quer que funcione.
Empreendimento é que nem filho: tão bonito e perfeito… não admito que digam o contrário.
Entenda que você está criando algo novo para o seu cliente, e não para si mesmo. Logo, se o seu cliente não enxerga valor na solução, não comprará a ideia.
A coisa mais importante no início de uma nova empreitada é identificar o problema que você está resolvendo. Depois identificar quem são os clientes ideais. O que eles fazem, onde vivem… Clichê, mas é real.
E em seguida vem a mágica: entrevistar a pessoa de quem você quer tirar dinheiro com seu produto, pra ter certeza de que ela também tem o mesmo problema e pagaria pra tê-lo resolvido. Aproveite e tente vender, mesmo sem ter o produto ainda. Intenção de compra é uma coisa, venda é outra.
Definir ou refinar
Deu certo? Viu que tem mais gente com a mesma dor interessada em ter o problema sanado? Hora de criar hipóteses.
Tudo nesta fase é parcialmente conhecido, por isso trabalhamos com a crença de que a solução imaginada vai mesmo ajudar as pessoas.
Mapear cada passo da jornada da pessoa que vamos atender e imaginar como poderíamos ajudá-la da melhor maneira possível. É aqui que começam a nascer as possíveis soluções. Mas, veja, tudo se baseia em hipóteses, não é a solução final, nunca será o final.
Desenvolver
Hora de criar um protótipo que seja testável pelas mesmas pessoas que entrevistamos na fase anterior, com base no que aprendemos até agora.
Nesse ponto o design ajuda demais, já que toma menos tempo e gasta menos recursos do que partir direto para a implementação de uma solução.
Ainda estamos trabalhando com hipóteses, lembra? Então o ideal é pegar esses protótipos com todas as soluções que imaginamos para o problema e colocar nas mãos das pessoas que conversamos lá no começo.
Entregar
Aqui são feitos os testes e a validação do protótipo. Com um profissional bem treinado para observar a utilização do protótipo, será possível identificar os pontos de confusão e estresse ao longo das interações.
Anotados todos os pontos de melhoria, hora de documentar o aprendizado, analisá-lo, refinar o nosso protótipo e, dependendo do que for descoberto, podemos voltar à fase de descoberta ou, se tudo der certo, iniciar o desenvolvimento de fato.
Conclusão
Se você não concluiu que o projeto é um fracasso em nenhuma dessas fases, isso é um sinal de que o seu investimento terá muitas chances de realmente dar certo quando for para o mercado.
E se fracassou no meio dessa jornada, qual é o problema? Pense na economia de tempo e dinheiro. Pense também no aprendizado adquirido.
O segredo do sucesso é falhar logo. Depois pegar o que aprendeu e agir em cima disso.
E depois, quando as pessoas já estiverem pagando pela sua solução? Isso já é assunto pra outra conversa: fazer o negócio crescer.