Como entregamos um produto valioso utilizando as metodologias do Design Thinking — Capítulo 3
Nesta série dividida em três capítulos, nós, designers da Jera, relataremos nossa experiência com o projeto New App. Pelo qual utilizamos técnicas do Design Thinking e trabalhamos em conjunto com os desenvolvedores durante todo o processo de design.
No capítulo anterior relatamos como trabalhamos na resolução da falta de engajamento do cliente da Jera com a nossa ferramenta de gerenciamento. E o erro que cometemos que deixou nosso cliente insatisfeito.
Neste capítulo contaremos como trabalhamos para corrigir os nossos erros e qual foi resultado da segunda fase de testes. Relataremos também, nosso esforço para chegarmos a solução da falta de foco das equipes da Jera na Sprint 0 e Sprint Final.
Começamos tudo de novo
Após a “bronca” que levamos dos nossos clientes, vimos que a tentativa de solucionar vários problemas de uma só vez e em tão pouco tempo foi “um tiro no pé”. Assimilamos os erros cometidos e concluímos que era preciso reduzir funcionalidades, que menos era mais.
Com o foco centralizado no usuário, fizemos um Mapa de Empatia, entendendo melhor quem é o nosso cliente, o meio em que vive, suas expectativas, medos e o que ele realmente precisa. Assim, ficou mais simples entender o que realmente seria importante para ele. Decidimos então que funcionalidades deveríamos focar:
- Acompanhar o andamento das Sprints do projeto;
- Visualizar tarefas pendentes;
- Acesso a documentos e protótipos;
- Relatar problemas;
Com isso em mente, começamos os rabiscos de novo, pensando em facilitar qualquer atividade que o usuário precisaria fazer. O que antes era um tela cheia de informações que eram ignoradas, tornou-se uma tela com 4 botões simples, que levaria o usuário a um caminho mais claro antes dele concluir a tarefa desejada.
Protótipo pronto, partimos para a segunda fase de testes.
Solução do problema de falta de foco
Antes de revelar como foram os testes. Contaremos como chegamos a solução da falta de foco das equipes da Jera na Sprint 0 e Sprint Final.
A Sprint 0 e Sprint Final é um período importante em que a equipe deve se concentrar. Porém poucos estavam realizando estas etapas efetivamente, por vários motivos, tais como: resolver problemas de outros projetos, distração com mídias sociais e auxílio a outros colegas quando estavam sem tempo (alguns tinham dificuldade em dizer “não”).
A solução encontrada foi identificar as equipes que estavam nestes períodos por meio de uma bandeirinha. Desta forma, quem estivesse com a bandeira teria um sinal que deveria focar no projeto em que está trabalhando e quem estivesse de fora não incomodaria o time com a identificação.
Além da sinalização da Sprint 0 e Final, sentimos a necessidade de incluir outra situação, quando a equipe está atropeladas de tarefas a serem realizadas no projeto e o tempo de entrega está quase no fim. Denominamos este caso de “Projeto Explodindo”.
O processo de produção das bandeiras foi o mais interessante, pois deixamos de criar soluções digitais para criar soluções físicas. Largamos o computador para fazer um trabalho artesanal que nos lembrou a época da escola. Recortamos papel, cortamos madeira, colamos papel e plástico, e nos divertimos muito com isso.
Após terminar a produção, fizemos quatro bandeiras para sprint 0 e final com a cor amarela e três bandeiras para o caso de o projeto estar atrasado com a cor vermelha.
Hoje, as equipes estão utilizando as bandeiras e já tivemos bons feedbacks, muitos dizendo que as interrupções foram reduzidas e que a concentração para os projetos está sendo bem maior.
Segunda fase de testes
Ansiosos para saber como seria o resultado, colocamos o segundo protótipo para ser testado, desta vez, com pessoas que se encaixavam no perfil dos nossos clientes e com atividades mais focadas nas principais funções. Realizamos o mesmo procedimento do primeiro teste.
O resultado foi surpreendente, a diferença entre os dois testes foi “gritante”. Os usuários realizavam as tarefas rapidamente, um ou outro demoraram mais que um minuto. Um bom exemplo foi a função de visualizar as tarefas pendentes, em que a média caiu de 1min31s para apenas 17s.
Abaixo é possível visualizar a comparação da média de tempo na realização das tarefas entre o primeiro e o segundo teste:
Mesmo com a melhora significativa, tivemos que corrigir alguns pequenos detalhes que trouxeram alguma dificuldade para os usuários.
Entrega da última sprint
Chegou a hora tão esperada. Ao mesmo tempo que estávamos confiantes pelos bons feedbacks, estávamos nervosos, porque sempre há alguma tensão quando nosso trabalho é avaliado.
Primeiro apresentamos as bandeirinhas, e tivemos uma boa resposta dos nossos clientes. Eles elogiaram a solução a que chegamos e a forma de como a executamos. Que dessa vez, deu pra ver que trabalhamos em equipe.
Depois apresentamos o aplicativo. Muita calma nessa hora. E…
O Jeff e o Ney gostaram também do resultado que apresentamos e ficaram surpreendidos com a diferença entre os dois testes. E deram sinal verde para que os desenvolvedores começassem o desenvolvimento do aplicativo. Este feedback nos deixou aliviados.
O que aprendemos
Ao utilizar metodologias do design thinking, ir a fundo no projeto, estudar e selecionar os reais problemas, propor soluções com uma base técnica bem definida, realizar testes e pesquisas com os usuários, ajudou-nos a fugir da subjetividade e tomar decisões com argumentos concretos, tendo a certeza de estar no caminho certo e entregar um produto valioso ao nosso cliente e ao usuário final dele.
A experiência de trabalhar em conjunto com os desenvolvedores trouxe-nos uma visão mais lógica na construção de um produto. Com a opinião técnica deles do que é possível ou não fazer, era fácil para nós, designers, desenharmos uma solução.
A redução de documentação também foi algo positivo, já que o desenvolvedor estava ao nosso lado e entendia o projeto todo, participando da criação, compreendendo tudo aquilo que foi feito e não simplesmente executando algo que caía em suas mãos.
O projeto New App foi um grande aprendizado para todos e levaremos este conhecimento para o restante das nossas carreiras.